
14 de março de 2022
Empresas implementam ações para equidade de gênero no mercado de trabalho
Iniciativas focam em desenvolvimento de carreira, capacitações e apoio ao empreendedorismo feminino
Por Amanda Nonato
Falta de oportunidades, desigualdade salarial e pouca ocupação nos cargos de liderança. Essa é ainda uma realidade das mulheres no Brasil, de acordo com a última pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019. Apenas 37,4% delas estão em funções gerenciais, enquanto os homens são 62,6%; além disso, o salário chega a ser 19% inferior à remuneração dos profissionais do sexo masculino em função similar, número que aumenta para 30% quando o assunto é cargo de liderança.
Muitas empresas no Brasil estão trabalhando para redesenhar essa assimetria de gênero. A Amazon, por exemplo, conta com 46,5% de lideranças femininas no seu quadro de funcionários. “Não enfrentei barreiras internas porque sou mulher. Sempre me respeitaram e pude mostrar meu bom desempenho para crescer na minha carreira e ser promovida”, comenta Ana Bueno, atualmente líder do Centro de Distribuição de Nova Santa Rita, a primeira mulher que ocupa esse cargo no país.
Em seus Centros de Distribuição e Estações de Entrega no país, como em Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco, e em Nova Santa Rita, no Rio Grande do Sul, a maior parte dos colaboradores são as mulheres. A empresa promove para as funcionárias programas e projetos de capacitação, redes de apoio e treinamentos para acelerar o desenvolvimento dentro da companhia.
Um deles é a Women@Amazon, grupo de apoio profissional em que as mulheres gestoras e líderes e outras especialistas convidadas compartilham melhores práticas e dão aconselhamento para as participantes. Women in Leadership é mais uma iniciativa, esta de caráter internacional. O projeto tem duração de seis meses, com o objetivo de impulsionar a liderança feminina, por meio de mentorias e aprendizagem em grupo.
Outras saídas

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em 2020 a participação das mulheres no mercado de trabalho chegou ao menor patamar desde 1990: 45,8%. Há duas razões para esse dado: uma, negativa, é a dificuldade de absorção de novas mulheres no mercado de trabalho, um fenômeno que pode ser circunstancial – a depender, portanto, de uma análise de mais longo prazo. Mas há uma motivação positiva: a movimentação para o empreendedorismo, que aumento 40 desde o fim de 2019, segundo números do Sebrae. O Brasil é o sétimo no ranking de empreendimentos conduzidos por mulheres, de acordo com a Global Enterpreneurship Monitor (GEM).
Outro projeto que busca apoiar o negócio das brasileiras é o BB pra Elas, do Banco do Brasil. Através de uma plataforma, a iniciativa reúne capacitação, ações de educação financeira e acesso ao crédito.
Patricia Andrade, VP executiva e diretora-geral da WMcCann Brasília, empresa que produziu a campanha do BB pra Elas, afirma que programa fortalece duplamente a mulher. “Mais do que trazer soluções de incentivo ao empreendedorismo da mulher, que vem ganhando cada vez mais protagonismo e representa a fonte de renda da maioria dos brasileiros, o movimento irá apoiá-la em áreas de extrema importância, como a saúde mental”.
Ainda sobre o estudo da GEM, as mulheres precisam estudar 16% a mais que os homens para conseguirem ter seu próprio negócio. Programas de qualificação como o do Magazine Luiza são saídas para que esse número seja diferente. Desenvolvido para mulheres vítimas de violência doméstica, o projeto conta com 10 mil bolsas de estudo integrais voltadas para o comércio eletrônico e marketing digital, distribuídas por nove ONGs do segmento espalhadas pelo país.

“Nosso objetivo é ajudar a qualificar principalmente aquelas mulheres que dependem financeiramente de seus parceiros ou ex-parceiros, porque a dependência econômica é um dos vínculos que as mantêm presas a seus agressores”, explica Ana Luiza Herzog, gerente de Reputação e Sustentabilidade do Magalu.
Entre as cinco fases do curso, a última é dedicada ao empoderamento feminino e vai contar com a participação de nomes como Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza; de Silvia Chakian, promotora de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo; e de Maira Liguori, diretora da ONG Think Olga.