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1 de maio de 2024

Líder de supply chain da bioeconomia da Amazônia participa de programa em NY

Uma das 30 brasileiras selecionadas para programa de liderança feminina na Universidade de Columbia, Geyce Ferreira revela preocupação com a quantidade de atravessadores e transporadores não regularizados que encarecem custo da logística na região

Geyce Ferreira, de 31 anos, é uma das 30 brasileiras selecionadas para participar de um programa voltado para a formação de lideranças femininas da Universidade de Columbia (EUA). O Columbia Women’s Leadership Network in Brazillevou o grupo a Nova York para debater os desafios estratégicos de entidades provadas e públicas.Os módulos incluíram treinamentos, networking, aulas sobre metodologias científicas para projetos e sessões de mentoria sobre tomada de decisões; diversidade e liderança patrimonial; resolução de conflitos; política e raciocínio político no local de trabalho; equidade e direitos humanos.

Para a profissional de supply chain que atualmente ocupa o cargo de gestora de logística comercial das lojas Bemol — maior complexo varejista da região amazônica — as expectativas em relação ao programa, que eram altas, foram atendidas.

“Mulheres tendem a não entender a proporção da excelência que aplicam em suas formas de trabalho e liderança. Quando nos colocamos em espaços como o da Columbia, ficamos frente a frente com grandes pesquisadores e profissionais que validam nossa forma de atuar e nos apresentam ao novo, e isso é de uma riqueza tremenda. Fazer parte dessa formação faz com que meu trabalho em minha região, seja em bioeconomia, seja na logística, ganhe ainda mais robustez e qualidade, visto que é muito difícil ter pessoas do Norte do país em programas como esse. Sofremos imensamente com a segregação geografia que este país nos coloca”, desabafa Geyce Ferreira.

Custo da logística amazônica precisa ser negociado para não afastar pequenos e médios negócios

Com 12 anos de atuação nas grandes indústrias e no varejo do Brasil, sendo liderança destaque do prêmio Young Leaders 2022 e membro do Conselho Consultivo da Rede de Líderes da Fundação Lemann. a administradora Geyce Ferreira enumera alguns desafios na cadeia de abastecimento para a bioeconomia da Amazônia se expandir ainda mais.

“O principal desafio é a balança relacionada ao volume e valor transportado X valor do frete. A logística na Amazônia tem diversas peculiaridades, mas é operável. No entanto, apresenta um custo que, se não for negociado e desenhado corretamente, tende a não ser vantajoso para pequenos e médios negócios. Temos uma grande problemática de atravessadores e transportadores não regularizados que se aproveitam da localização de alguns municípios para praticar preços altíssimos”, explica ao Integridade ESG.

Para Geyce, chama atenção o fato de que grandes investimentos estão chegando aos estados da Amazônia através de empreendimentos criados por pessoas de outras regiões. O impacto desses negócios é relevante, mas não traz uma mudança de realidade nem movimentação de dinheiro para o produtor primário, acredita.

“Precisamos criar mecanismos para preparar estes produtores para serem donos de seus próprios negócios e não fornecedores de redes de diversos portes. É preciso aprofundar o debate e gerar mudanças reais na geração de renda na Amazônia profunda”.

A liderança no setor da bioeconomia exercida por ela não se limita ao mundo dos negócios: Geyce atua em várias frentes de impacto social em Manaus, contribuindo com organizações como a Global Shapers Community. A ex-diretora de diversidade e sustentabilidade da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) afirma que integrar redes ligadas à biodiversidade aumenta sua conexão com o propósito de valorização do território amazônico, além de ter sido essencial para ajudar a população amazonense na emergência sanitária da pandemia, quando faltou oxigênio para o atendimento à população nos hospitais.

“Integrar redes de impacto foi de extrema importância para a minha construção profissional. Se posso dar uma dica para as pessoas que estão iniciando suas carreiras é que se conectem a redes que estejam alinhadas com seu propósito; com certeza, será de valor para a sua carreira”.

À frente do Global Shapers, foi realizada uma grande movimentação civil para fornecimento emergencial de oxigênio durante a crise da Covid-19 em Manaus. Já por meio do Grupo Mulheres do Brasil, que tocou a iniciativa Unidos Pela Vacina no Amazonas, foram levados insumos de vacinação a todos os municípios do estado.

“Em ambos os programas, exerci a liderança logística, e garantimos que nossa população não fosse esquecida em meio à floresta”, comenta.

Fonte: Integridade ESG